O <b>Dia do Rock</b>, celebrado em 13 de julho, foi criado em homenagem ao festival Live Aid, que reuniu lendas do gênero em um evento beneficente e marcou os anos 80. Desde seu surgimento nos anos 50, o rock se tornou e continua sendo um dos estilos mais escutados da história, conhecido por sua <b>diversidade de vertentes</b> e por inspirar outros gêneros musicais — como o próprio forró.Dois gêneros aparentemente distantes, o<b> rock</b> é predominantemente marcado por guitarras distorcidas e batidas pesadas, enquanto o <b>forró</b> traz sanfonas, metais e muito swing. Um nasceu nos Estados Unidos nos anos 1950, influenciado pelo blues, country e rhythm and blues, enquanto o outro tem suas raízes no Nordeste brasileiro, com influências do baião, xote e xaxado.A relação entre os dois gêneros se estabeleceu cedo, com o surgimento do tropicalismo e a Jovem Guarda: “O rock vai influenciar o forró especialmente a partir dos anos 60 e 70, no trabalho de alguns artistas que vão pegar fragmentos e elementos sonoros, estéticos do rock para traduzir isso na sua música. O tropicalismo é uma dessas chaves, que vai misturar forró não só com rock, mas com samba, música experimental, concreta”, explica o professor e pesquisador da Universidade Federal Fluminense, Felipe Trotta.A adesão de instrumentos “elétricos”, como a guitarra e a bateria, foi uma influência da popularização do rock nacional nos anos 70: “Artistas dos anos 70 vão mexer com o forró, mais ligado ao MPB, como Alceu Valença, Geraldo Azevedo, e Elba Ramalho. Até o próprio Luiz Gonzaga, vai usar bateria nos anos 80, além da guitarra de vez em quando”, completa Felipe Trotta.Esta fusão entre os gêneros, incentivada pelos movimentos artísticos da segunda metade do século XX, atinge seu ápice com a chamada “modernização do forró”, levantada após o surgimento do forró eletrônico nos anos 90. A grande banda responsável por levantar esta bandeira foi Mastruz com Leite, cuja influência também levou à popularização da vertente conhecida como “forró romântico”.O forró eletrônico se distancia da característica figura do trio, popularizada por Luiz Gonzaga, e traz uma banda com adição de guitarra, baixo, órgão elétrico e bateria, instrumentos utilizados por bandas que executam o som típico urbanizado, como o rock. O ritmo sai da “sala de reboco” e passa a marcar presença em espaços com grande capacidade de público.“Quando surge esta inflexão do forró mais pop, a partir do Mastruz com Leite, há uma aproximação com a música pop mundial que já está referenciado completamente na ideia do rock. A partir daí, cada banda vai fazer uma aproximação diferente com determinados estilos que são relevantes”, conta Felipe Trotta.As conexões entre o <b>forró eletrônico</b> e o<b> rock</b> se evidenciam nas releituras de hits mundialmente reconhecidos. Entre as várias bandas que investiram nessas versões, Calcinha Preta se destacou ao incorporar influências de subgêneros como o heavy metal. Levando ao Nordeste canções de bandas como Heart, Scorpions, Kansas, Air Supply e The Cranberries, a banda popularizou clássicos do rock, conquistando fãs tanto do forró quanto do rock, tornando-se uma das preferidas dos dois públicos.Calcinha Preta chegou a lançar uma <b>releitura de uma composição</b> do heavy metal nacional: a música “Bleeding Heart”, do Angra, se tornou “Agora Estou Sofrendo”. O compositor da versão original, Edu Falaschi, já contou em entrevista que o sucesso foi tanto que passou a cantar a versão de Calcinha Preta nos seus shows.Foi a balada que eu compus para o Angra, e aí eles gravaram em português meio balada forró e meio acústica. Cara, a música explodiu e virou um hit principalmente no Nordeste. [Depois da] versão do Calcinha Preta, eu não consigo cantar em inglês. A hora que você começa [a música], todo mundo canta em português, aí a cabeça buga. Então vai em português mesmo”, contou durante participação no podcast Futeboteco.